segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Napa Valley - Vinhas e Vinho

Napa Valley, provavelmente a região de vinho mais conhecida do mundo! E nós percebemos porquê... embora não seja mais do que um vale com 30 km de comprimento, 5 km de largura e uma estrada no meio, com vinhas de ambos os lados.. No entanto, estão aqui representadas as maiores e melhores "adegas" do país.

Napa apenas representa 4% da produção total dos EUA, ao passo que a Califórnia toda representa 75%. Coincidentemente, a Califórnia também representa 75% do consumo de vinho dos EUA, seguida pelo estado do Oregon, Washington, todos na costa oeste, e só depois New York e Texas.

Napa Valley acaba por ser uma mini boutique mostroária dos vários tipos de vinho, onde toda uma indústria turistica se desenvolve em seu redor. E lá fomos nós...

Chegados de fresco a Napa, tivemos a árdua tarefa de procurar um abrigo. A maior parte dos preços são pornográficos e os sítios fecham relativamente cedo, pelo que ou escolhíamos um sítio para dormir antes das 21h, ou provavelmente dormiríamos no carro!
Escolhemos, e bem, uma terrinha neste vale chamada Calistoga. Ficamos num pequeno "Bed&Breakfast", bastante simpático, com uns quartos acolhedores e por baixo, o bar mais animado da zona. Bebemos um copo com a fauna local e fomos descansar...

Acordamos sem saber que adegas visitar. Não é fácil escolher. Há imensas, mesmo muitas! Têm todas bom aspecto (leia-se um aspecto turístico), por isso decidimos começar pela que mais chamava a atenção: um castelo! Era uma imitação de um castelo italiano, construido por um ricalhaço, que deve fazer mais dinheiro com os castelo do que com os vinhos em si. Dizia que era uma réplica perfeita de um castelo italiano na zona de Florença, construído só com materiais e técnicas da altura... a parte do cimento que colava as pedras nas muralhas é que ficou por explicar!!

Devia ser meio-dia quando experimentamos o primeiro vinho... começámos com branco, seguimos para rosé e acabamos num tinto. Repetimos este ritual nas adegas seguintes :) Entra-se, pede-se um "wine tasting", pinga-se 10$-20$ e voilá...

Cada adega tem uma loja, onde vende os vinhos que produz bem como uma parafrenália gigante de objectos relacionados com vinho.
Depois de vários copos, seguimos para os outlets, onde com a desculpa de no dia a seguir não nos lembrarmos, gastamos quanto podíamos!
Com a mala cheia mas a barriga vazia seguimos à procura de jantar. Ficamos maravilhados com o restaurante aconselhado pela revista Wine Spectator, que faz parte do "The Culinary Institute of America". O ambiente, a decoração, o clima, o serviço, a comida e as bebidas uniram-se e formaram um dos melhores restaurantes que já fomos.
Bebemos um copo ainda num bar com música ao vivo e regressamos ao hotel. O que parecia ser um sítio acolhedor tornou-se num pesadelo. Tivemos de mudar de quarto nessa manhã e o novo quarto era em cima do bar e ao lado das casas de banho das histéricas das americanas. Acho que não vale a pena explicar o quanto sofremos... Os candeeiros tremiam sempre que o 50cent mandava umas rimas e as americanas entravam e saiam da casa de banho aos gritos, sempre com a conversa "..and than she said", " ..and I was like..", "...and she was like...", "..oh my God..", "..and one time, in band camp...."

O dia seguinte não foi muito diferente, embora explorássemos mais Sonoma Valley, um vale paralelo a Napa, mas bastante maior, menos turístico e consequentemente mais barato.

Conclusão, Napa Valley é uma zona com um grande nome, que produz pouco, onde cada hectar de terreno custa balúrdios e que faz com que os vinhos sejam vendidos a valores absurdos. Há mais turismo do que vinho propriamente dito. Não há restaurante nenhum em SF que venda vinhos a menos de $35! Que saudades dos 9€ do Muralhas!

Note-se a diferença de roupas entre uma mulher Portuguesa e uma Americana.
À porta de mais uma adega...
E mais uma...
As meninas não bebem... tinto!
Adegas com menor produção, evitam grandes infraestruturas de "packaging" sub-contratando este serviço móvel .

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O Norte da Califórnia

Com a vida mais estabilizada, já a dormir no loft mas ainda sem a sensação de "nossa casa", fazemos as malas e partimos para o Norte. Temos como companhia a Rita Rendeiro e o JD.

Saímos de SF sem destino, apenas com ideias de alguns sitíos que gostavamos de conhecer. Como era de esperar deixamos a cidade tapada por um imenso capacete que, esperavamos nós, mal atravessassemos a Golden Gate desaparecia. Infelizmente aquela sensação de ter sempre uma nuvenzinha em cima de nós acompanhou-nos inúmeras vezes...

Subimos sempre pela costa, com paisagens lindas de morrer que se faziam perder de vista. Passamos a primeira noite num Surf Motel em Gualala, onde percebemos a verdadeira cultura geral dos americanos, ou a falta dela, quando a menina da recepção nos disse que foi visto o primeiro animal branco, da época, no mar. Que talvez fosse uma baleia mas não sabia bem...




Sempre com vontade de darmos um mergulho naquele mar ou pegar numa prancha e apanhar umas ondas fomos percorrendo milhas atrás de milhas. Com a água sempre gelada, o tempo sem ajudar e os guias de surf a sublinharem sempre o facto da zona ser "Sharky" foi tarefa difícil fazer praia. Numa terrinha chamada Mendocino, depois de um almoço orgânico e com o sol a querer dar mostras de si, conseguimos deitar-nos na areia e saborear um pouco o verão...



Chegados a um ponto denominado por "Lost Coast" fomos obrigados a abandonar a costa e a seguir pelo interior. Pelo que lemos a Lost Coast é uma zona habitada apenas por vida selvagem, sem acessos a praias e onde se cultiva "erva" para os coitadinhos dos doentes californianos.



Num rápido parentesis chegamos à conclusão que há 3 níveis de viagens na Califórnia: oprimeiro, que somos nós, que dormimos em lodges, chalés, moteis e hóteis. O segundo que já procura mais o equilibrio com a natureza, sim porque a natureza reina aqui, e acampa. Existem parques de campismo em todo o lado, na praia, nas florestas e em qualquer sítio lindo de morrer... E os terceiros, que um dia quando perdermos o medo dos ursos, das cobras, dos escorpiões e dos cogumelos alucinogénicos seremos, os que fazem wild camping. Apenas estes entram na Lost Coast...

Como íamos explicando, seguimos para o interior em direcção ao Redwood National Park. No caminho passamos por árvores com metros e metros de altura que nos faziam sentir tão pequeninos... São uma espécie de sequoias e são as maiores árvores do mundo!

Chegamos a uma terrinha chamada Garberville onde pernoitamos num motel belissimo do sr. Apu e onde decidimos que bastava de norte pois já tinhamos visto as Redwoods e seguiriamos no dia seguinte para Napa Valley, a conhecida zona dos vinhos...


domingo, 23 de agosto de 2009

First days in Frisco

San Francisco

Quem não gosta de SF? É dificil não gostar duma cidade tão fantástica como esta. É uma cidade segura, as pessoas são simpáticas e muito abertas e facilmente fazem conversa sobre temas banais. Por todo o lado deambulam pedintes (vide Newsletter 12, Luis Lorena), mas são tão engraçados que uma pessoa só consegue rir. Uns pedem dinheiro para fazerem pesquisas de álcool, outros para por gasolina nos BMWs e há uns mais ousados que escrevem em cartões frases como "Give $20, I need to get laid tonight".

De verão, o tempo é cinzento e frio, o que lhe confere uma mística não mais encontrada em outra cidade americana. Este clima atípico para a época é um fenómeno natural que resulta da sucção da humidade das correntes marítimas geladas do Alaska pelo enorme calor que se faz sentir nas Sierra Nevada Mountains, localizadas a 50-100km para o interior. Assim, enquanto estiver calor em todo o país, por aqui permancerá "fresquinho"...

Os locais dizem e redizem que o Outono é a melhor altura do ano, com fartos dias de sol até ao final de Novembro, pouco vento e excelentes ondas... Quanto ao Inverno, veremos...

Lua de mel a três

Durante os primeiros dias tivemos a sorte, durante o dia, de ter connosco Luís Lorena. Uma excelente companhia em qualquer situação, até numa lua de mel.

Acompanhou-nos nos primeiros passeios pela cidade. Com ele visitamos Ocean Beach, uma praia com um areal de perder de vista, com uma vida animal inigualável em Portugal, fizemos o turístico mas excelente programa de atravessar a Golden Gate de bicicleta, passeámos pelo Castro, bairro conhecido pela sua enorme comunidade gay, fomos ao Pier 39, local típico turista, com focas e uma mini feira popular, ...

Lorena, gostamos muito de te cá ter, volta sempre! Sem anginas...

Curiosidades

Os Giants são a equipa de baseball de SF, é a poucos minutos a pé de nossa casa. Estranhamente há jogos nos dias de semana a horários um pouco estranhos para quem trabalhe. Os jogos muitas vezes realizam-se em vários dias seguidos mas infelizmente ainda não conseguimos perceber porquê. Em posts futuros esperamos ter um maior conhecimento sobre este acontecimento que é o baseball em SF!

Há lojas de todos os tipos e feitios por cá mas três vingam claramente: fastfood, roupa e farmácias. É interessante este fenómeno. Há alguns dias conversavamos com um Filipino, que nos dizia, reforçando esta ideia que já começavamos a ter, que os americanos são os maiores praticantes de auto-medicação que há. Há comprimidos para tudo, desde cocktails incríveis para depressões, passando por uma parafernália de complexos para tratar joanetes, e até uns comprimidos que anulam o efeito de outros. Tudo isto em corredores infindáveis, prontos a serem consumidos por um qualquer traseunte que naquele momento ache que está com enxaquecas.

A marijuana é legal! Só basta: 1. Ir ao médico com um dos seguintes argumentos: dores de cabeça, dores de costas, falta de concentração, insónias, falta de apetite, etc, etc. 2. Receber o Cartão de Consumidor e ir à Cannabis Store mais próxima 3. Enrolar em murtalha de arroz e servir com um tinto e com doçaria regional.

Em todo o lado "tem" que se dar gorjetas, o que depois de alguma reflexão, é um modelo perfeito para esta sociedade mas que tem os seus contras. Em primeiro lugar, todos os preços expostos são sem taxas, por isso é como e andassemos na Makro a ver coisas para comprar e achar que é tudo muito barato. Assim, se vamos jantar fora, o que aparentemente eram 40$ passam a 44$ como 10% de VAT. Mas ainda não acabou... Se o jantar foi mau, só devemos dar 10% de gorjeta o que passava para 48$. Mas se foi bom, é comum dar-se até 20% o que faz uma aparente simpática refeição passar a ser 52$. E este sistema repete-se em todo o lado. Copos a 13$ na lista acabam a 17$, as malas do hoteis levam com 1$ por cada para serem transportadas, o supermercado leva com 10% do valor em "Cash back"!!!, e por aí fora... O bom, é a qualidade do serviço. Custa um bocado a habituarmo-nos a um constante "engraxar" e a uma felicidade gratuita que às 8 da manhã não é o que mais apetece, mas que os mexicanos trabalham, trabalham... Tudo bem feito, com um sorriso e rápido! Faz lembrar o Algarve em Agosto ;)

Juntamos alguns momentos dos nossos primeiros dias...
















Um novo mundo...

Aterrámos em San Francisco a 23 de Julho de 2009, sobre um intenso nevoeiro que, pelo que viemos a perceber, caracteriza a cidade na altura do verão. Aterrámos para uma nova vida, num novo país!
Com os fusos horários trocados, o deitar cedo e cedo erguer começou a reger os nossos dias. Entre o excitamento de conhecer a cidade e a necessidade de encontrar casa os dias foram passando...

Starting a life
O Hotel W foi durante 15 dias a nossa casa, e que casa! O quarto era super confortável, com duas camas Queen size, onde mais tarde Luís Lorena viria a dormir. Os pequenos almoços eram mesmo à Americana, com ovos, salsichas, hamburguers, bacon e gorduras a monte. Orgulhamo-nos de ter provado todos os pratos da lista! Com estes mega pequenos almoços tinhamos força para as diversas incursões na cidade.



Ao fim da tarde, o hotel, um dos mais hip da cidade, torna-se num bar com DJ, habitado por uma mescla de S. Franciscanos e hóspedes. O concierge, um pandulo com G grande, adorava-nos e todas as noites nos dizia: "Hi kids, I know the best place where you can have dinner tonight. Are you in the mood for Thai? I know a nice little place, by the bay, where the service is fantasticcccc and the desserts they make are... oh my God!!"

O primeiro passo foi escolher casa. Tendo em conta o que precisavamos não nos foi dificil escolher. Um pequeno loft, acolhedor e com uma vista de sonho, perto do Caltrain (comboio que faz o commuting entre SF e Palo Alto, onde o Pedro vai trabalhar), com zonas de convivio, barbecue, lareiras exteriores e ginásio, satisfez tudo o que queríamos ;) O bairro chama-se SOMA (South of Market), antiga zona industrial hoje repleta de lofts, penthouses e afins, para expatriados, artistas e asiáticos.


A casa estava nua e, uma vez que tinha apenas os electrodomésticos básicos na cozinha e uma televisão gigante no quarto, iniciaram-se as nossas visitas ao IKEA e às lojas de decoração da zona.











O segundo passo foi tratar da carta de condução. E como se de uma ida ao talho se tratasse, chegamos à DMV (DGV de cá...), tirámos uma senha, lemos o código cujo prefácio é escrito pelo grande governador Arnold Schwarzenegger ("My fellow Californians..."), tiramos duas fotografias, fizemos um exame de código, erramos 4 em 36, quando podíamos falhar 6, e duas horas e meia depois estavamos encartados. A maravilha das maravilhas é que se chumbassemos podíamos ter repetido, no dia, 3 vezes!

Com carta, fomos tratar do carro. Ao fim de 4 dias de muito craigslist e de várias conversas com vendedores, acabamos por escolher um Audi A4 3.0 quattro para as subidas de Lake Tahoe no Inverno, num tom de verde fantástico ou, pelo menos, raro!

Com isto ficamos praticamente prontos a começar a viver.

É nestes momentos que se percebe porque é os EUA são a maior economia mundial... Tudo é fácil e "money talks and bulshit walks". Como é que em Portugal, um casal imigrante com visto de turista, sem número de segurança social e sem histórico de crédito, aluga uma casa a uma empresa, abre uma conta bancária, tira a carta de condução e compra um carro em menos de 15 dias... Isto, como se verá para o bem e para o mal, é de facto "The land of the free!"